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terça-feira, 30 de julho de 2013

E agora?

Johnathan Ferreira
www.twitter.com/johnathanfer

Após seqüência de erros na delegação de estratégias para tentar contornar as crises internas e externas vivenciadas nos últimos meses no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Roussef já aparenta o tom atônito do qual passa o Governo Federal.

A primeira crise se estabeleceu na composição dos Ministérios. A distribuição de pastas a serem repartidas para os partidos da base do Governo, ainda não tiveram suas feridas cicatrizadas. E o pior, foi intensificada após lideranças petistas se manifestarem em favor da diminuição do número de Ministérios para o PMDB. E qual atitude foi tomada? São mesmo necessários 39 Ministérios para garantir governabilidade? Somente o PMDB (que ocupa 5 ministérios) deve sofrer redução? Somente o PMDB se envolveu em escândalos comandando ministérios? Enfim, é aguardar pra ver nada acontecer.

A segunda crise, também ainda não restabelecida, aconteceu com a seqüência de escândalos envolvendo diversos partidos da base aliada do Governo. Somaram 5 (cinco) ministro "depostos" por envolvimento em escândalos somente no primeiro ano de Governo. A Controladoria-Geral da União afirma que irregularidades no Governo somam R$ 682 milhões de prejuízos aos cofres públicos. Qual atitude contundente tomada pelo Planalto? Que medida foi feita para estancar as irregularidades latentes no Governo Federal? Nada. Como bem disse o Sen. Álvaro Dias (PSDB-SP): "Novos ministros, velhos problemas".

A terceira crise se fez valer pela ultima onda de manifestações por todo território nacional, onde a bandeira mais forte foi a de combate a corrupção. A sociedade demostrou também total insatisfação com as prioridades do Governo, deixando claro não serem estas as mesmas prioridades da população brasileira. E muitas lições foram deixadas. Os recados foram dados a todo e qualquer político brasileiro. Isso é evidente. Mas se analisarmos sobre as atitudes inábeis do Planalto, observemos: 1ª) Convocar Constituinte Exclusiva - convocar um ato político extremo que (de acordo com a Constituição) tenha como objetivo um efetivo alcance modificativo onde o interesse constitucional seja maior que o interesse parlamentar, e que seja dominante no quadro institucional da ordem jurídica vigente, em uma situação de total imaturidade nas discussões referentes a reforma política brasileira. Uma insanidade política; 2ª) Convocar plebiscito - mais um ato político inábil, que na conjuntura política atual, de total inconformismo, de debates imaturos, de problemáticas desaborosas, de incertezas primarias, de ausência de projetos concretos, e além de tudo, de crise de representatividade. Como, considerando as problemáticas expostas, é possível se quesitar uma reforma política (que é um tema complexo), onde as possibilidades de resposta da sociedade serão limitadas a um sim ou a um não, se resolva, ou ao menos, se aproxime das expectativas da sociedade? Improvável, pois a sociedade não quer ser questionada. Ela quer respostas; e 3ª) Dificuldades enfrentadas nas relações institucionais entre Executivo e Legislativo - desde o inicio do ano o Planalto tem tido dificuldade para dialogar com o Congresso Nacional, no que tange temas institucionais. Em meio de uma crise institucional, abarcada a uma crise externa, como aproximar ambos os Poderes para se buscar uma real consonância com os interesses da sociedade? Eis a questão.

A quarta crise, e mais recente, é com relação aos médicos. O Governo Federal lançou um programa "revolucionário" para a saúde pública brasileira, na tentativa de suprir a "falta" de médicos no país, o Itamaraty teve a brilhante idéia de importar 6 mil médicos cubanos. O Paraguai rejeitou a emigração de médicos cubanos no país pela formação medíocre dos médicos da ilha. Reflitemos. Falta médicos no Brasil? Há necessidade real para tal atitude? Não é o que temos visto nas manifestações dos profissionais da saúde por todo o Brasil, que reivindicam melhores condições de trabalho e valorização destes profissionais. Mais um ato populista do Governo notavelmente percebido pelos brasileiros. Resultado disso, queda livre nos índices de aprovação e popularidade da presidente da República. E agora, Dilma?

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