Johnathan Ferreira
"Se eu não fosse imperador, desejaria ser professor. Não
conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e
preparar os homens do futuro." (D. Pedro II)
O termo professor foi muito bem definido pelo carioca Antonio
Houaiss, que diz ser “a pessoa que ensina
uma arte, uma ciência, uma técnica, uma disciplina” ou “o indivíduo especializado em algo”.
O professor Antonio Houaiss foi um verdadeiro
intelectual brasileiro. Começou a lecionar muito jovem, com apenas 16 anos de
idade dava aulas de língua portuguesa. Houaiss exerceu inúmeras atividades em
sua vida foi filólogo, lexicógrafo, escritor, tradutor, enciclopedista, crítico literário, etimólogo,
ensaísta e diplomata de carreira. Também ocupou diversos cargos importantes,
como o de Presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ministro da
Cultura no Governo Itamar Franco, e Membro da Academia de Ciências de Lisboa,
em Portugal.
Aluno de escola pública Antonio Houaiss licenciou-se em Letras Clássicas
na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil e se dedicou ao
latim e ao grego clássico. Houaiss não lecionou apenas português, mas também
latim e literatura no magistério secundário oficial do Rio de Janeiro (à época
Distrito Federal), onde mais tarde pediu exoneração para dedicar-se a
diplomacia.
A Revista VEJA chegou a publicar em um de suas edições
que Antonio Houaiss foi “o maior
estudioso das palavras da Língua Portuguesa nos tempos modernos”. O professor
Antonio Houaiss publicou as duas mais importantes enciclopédias feitas em nosso
país: a Delta-Larousse (1972) e a Mirador Internacional (1976), além de dois
dicionários bilíngües, a organização do Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa da Academia Brasileira de Letras e a tradução do romance Ulisses de
James Joyce.
Em sua carreira diplomática ocupou espaços importantes
como vice-cônsul
do Consulado Geral do Brasil em Genebra, Suíça (1947), integrando
representações brasileiras a assembléias gerais das Nações Unidas, da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Organização Mundial da Saúde
(OMS) e da Organização Mundial de Refugiados (OMR). Foi terceiro secretário da
Embaixada no Brasil em Santo
Domingo , República Dominicana (1949) e em Atenas, Grécia (1951).
Foi primeiro secretário e depois ministro de segunda classe da delegação
permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas em Nova York , Estados
Unidos (1960), além de membro da Comissão de Anistia de Presos Políticos de
Ruanda-Urundi que em Usumbura examinou os processos de 1.220 presos políticos,
anistiados todos pela Assembléia Geral das Nações Unidas por proposta da
referida comissão (1962). Em 1963 foi relator da IV Comissão da Assembléia
Geral das Nações Unidas (tutela e territórios não-autônomos).
O grande fascínio do professor Houaiss foi escrever o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa,
projeto iniciado em 1986 com Mauro de Salles Villar. E não conseguiu concluí-lo
antes de sua morte (1999), e, mesmo assim, publicou o dicionário mais completo
da nossa língua, dedicando-o aos seus leitores. Hoje todas as obras de Antonio
Houaiss estão reunidas no Instituto Antonio Houaiss de Lexicografia, no Rio de
Janeiro. E na Sociedade Houaiss de Edições Culturais, em Lisboa, Portugal.
Antonio Houaiss foi o 5º ocupante da cadeira 17 da ABL,
sucedendo outro professor, o pernambucano Álvaro Lins. E no ano de 1996
presidiu a Academia Brasileira de Letras. Houaiss foi sucedido por Affonso
Arinos, que o precedeu no Ministério da Cultura.
O professor Houaiss considera a língua como “um instrumento vivo e em permanente
processo de desenvolvimento, aceitando suas manifestações de renovação e de
modernização”, e também entendia que entre as tendências aristocratizantes e anarquizantes da
língua, uma via democrática que permita sua compreensão, seu estudo e sua
evolução.
Como o saudoso educador e Senador da República
Cristovam Buarque (PDT-DF) disse: “o
Brasil está cheio de educacionistas, adjetivo que ainda não existe nos nossos
dicionários; militantes do educacionismo, substantivo que os nossos dicionários
ainda não adotaram, mas já tem significado: a doutrina que considera a educação
como vetor fundamental do progresso defende que a utopia não vem da
desapropriação do capital dos patrões para os empregados, mas sim de colocar os
filhos dos empregados na mesma escola dos filhos do patrão”.
Cristovam está certo. Existem grandes personalidades
brasileiras que hoje se dedicam ao educacionismo em nosso país, como: Antonio
Hermínio de Morais, Jorge Gerdau, Denise Valente, Viviane Senna, Antonio
Oliveira Santos, dentre outros. Também é sempre bom lembrarmos aqueles que
tanto contribuíram para o educacionismo no Brasil, como: Edgar Roquette-Pinto, Eduardo
Portella, Roberto Marinho e Anísio Teixeira.
O grande problema enfrentado (em meio de muitos) pela
educação em nosso país é a escassez de educacionistas. Somos fartos de
excelentes professores e educadores, mas a ausência de pessoas que acreditam
que o educacionismo irá levar o nossos jovens a verdadeira riqueza, a riqueza
intelectual, educacional e cultural. Os nossos jovens carregam um fardo
colonial, o fardo da falta de oportunidade, da ausência de uma educação de
qualidade, do acesso à cultura.
E esse fardo tem levado cada vez mais os nossos jovens
à criminalidade, ao mundo da drogadição, da falência da instituição familiar, e
outros fatores que acarretam a destruição de nossa juventude. É preciso deixar
as utopias de lado e passarmos a exigirmos maior rigor e transparência na
aplicação dos investimentos na educação, melhores e mais atuais programas,
diretrizes e bases da Educação, a valorização dos profissionais da Educação e
uma verdadeira democratização do ensino público no nível superior.
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